O endereço Major Facundo, 576, Centro de Fortaleza, tem ordem para ser desocupado até dia 3 de dezembro de 2011. Lá funciona, há 77 anos, Farmácia Oswaldo Cruz. A proprietária do estabelecimento, Fátima Ciarlini, contou que recebeu uma ligação da proprietária do imóvel, há três meses, na tentativa de negociar a renovação do contrato de locação.
Não houve acordo e, ontem, sob o respaldo da Lei do Inquilinato (8.245/91), foi pedida a devolução do prédio. “Ela queria duas vezes o valor do aluguel. Queria um valor que veio da cabeça dela.
No contrato, teria o reajuste normal no índice INCC (Índice Nacional da Construção Civil), e, por fora, queria um valor a mais”, disse Airton Caracas, diretor administrativo da Farmácia Oswaldo Cruz.
A empresa preferiu não se pronunciar sobre o assunto. Segundo O Povo apurou, o contrato de locação já está vencido e a família proprietária do imóvel, que reside no Rio de Janeiro, tem interesse em alugá-lo por um valor mais alto ou vender a propriedade.
O prédio é particular e a ordem de despejo para a Oswaldo Cruz é legal. Mas o assunto se torna de interesse público em função do valor histórico do estabelecimento, explica Armando Cavalcante, diretor-tesoureiro Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci).
“Pode pedir o prédio e tem direito a agir dessa maneira. A lei favorece. Mas tem o lado humano e histórico da cidade. A farmácia já é uma referencia, uma tradição, e até ponto de atração turística da cidade.
Teve importância na história da cidade”, comentou Cavalcante. Para ele, o juiz vai definir em função da legislação. No entanto, trata-se de um caso que deve envolver toda a população. “A cidade pode fazer uma desapropriação e manter a farmácia funcionando. Isso é uma prerrogativa do município e do Estado”, sugere.
Entenda a notícia
A lei é fria. A cultura e a história, não. A concretização do despejo da Farmácia Oswaldo Cruz significa manter a fama de não valorizar o passado, significa enterrar 77 anos de serviços prestados.
Saiba mais
Modelo de negócios familiar
O primeiro proprietário da Farmácia Oswaldo Cruz foi Hotêncio Mota. Cerca de 10 anos depois, vendeu o estabelecimento ao então empregado Edgar Rodrigues de Paula, falecido há três anos.
A farmácia tem 32 funcionários e possui uma filial no município de Caucaia, aberta há um ano e seis meses.
O pedido de tombamento do prédio da Oswaldo Cruz foi feito pelo jornalista e historiador Nirez, dia 13 de agosto de 2011.
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